quarta-feira, 10 de abril de 2013
domingo, 7 de abril de 2013
Voyage powered by Google Street View
Hopton Street, Londres, Reino Unido
W. Phillips senta rotineiramente no parque frente seu escritório na altura 61th da Hopton Street, ele aprecia seu café sempre de olho ao relógio, observa a rotina alheia e nota que algo o conecta a outra realidade. Talvez a temperatura verificada por seus pés descalços ao chão, ou seu senso de gravidade levemente alterado, ele não liga, golpeia novamente seu Frappuccino Blended Beverages a boca e sente o frio queimar seu rosto. O fato é que ele se viu novamente. Ele se viu e não podia interagir, expectador de sua própria vida, começa a notar que tudo o que havia vivido não fora por acaso e que cada tijolo da sua muralha havia sido meticulosamente assentado, sua carreira profissional é um verdadeiro sucesso, possui uma carteira considerável de clientes e cada viga da Golden Gate possui a logo de sua empresa. W. Phillips não sabe mais a próxima vez que for dirigir seu café a boca, ele acordará próximo a fronteira com a República do Zimbabwe...
Estrada S/N - fronteira com o Zimbabwe, Bostwana, África do Sul
Preocupado talvez não fosse a palavra certa, mais com certeza Philippe estava com grandes problemas, já fazia algum tempo que sua reputação estava severamente baixa. Ao ponto em que estamos, a casa é o único destino, pensa ele. O conforto de seu lar na região de Toulouse na França estava a meros 11.000 km de distância da fronteira com o Zimbabwe e a única coisa que importava no momento era se hidratar. Philippe era um príncipe inconsequente, fora destinado a Africa para participar de missões humanitárias a pedido do monarca e agora seu traseiro que já havia sentado nos mais aveludados bancos dos maiores carros de luxo do mundo batiam contra as costas de um cadáver repleto de heroína. Foi seu ascendente em gêmeos, o fazia sair (em poucos segundos) de um jovem repleto de modos e postura à uma cópia barata do Sid Vicious. Em algum momento de sua caminhada pela rua deserta ele nota que algo o conecta a outra realidade, pode parecer que o calor esta menos insuportável ou que sua glote se fecha a mesmo passo de seu pé direito.
Seu conhecimento amplo ia dos investimentos da família em um clube de alto nível na Champs Élysées até ao tempo correto de manter a chama do esqueiro acesa para derreter a heroína, temperaturas baixas demais poderiam fazer a droga petrificar em seu sangue e altas em demasia culminaria em um choque térmico para suas veias azuis. Sua cama com lençóis bordados a mão o brasão de sua família seria um bom destino, se Philippe não ganhasse a mídia francesa na semana seguinte após ser encontrado morto por overdose de heroína.
ш. Волоколамское, Moscou, Federação Russa
Филипп (algo próximo de Felipe, em português) esta feliz. Depois de algumas desilusões profissionais ele assiste seu filho mais velho inaugurar sua "vendinha" nos arredores de Moscow. É um dia de orgulho para ele. Филипп estudou muito pouco, quando jovem sua rotina alternava pouco entre louvar o czar e se preparar arduamente para a guerra impetuosa entre os dois mundos, o pávido império imperialista que se aproximava pelas fronteiras ocidentais e a então mãe URSS que mantinha a todos protegidos abaixo de suas asas. Era um cidadão acima de tudo honesto e que jamais abriu mão de seu amor de infância, a bela Моник, com ela, constituiu o seu maior tesouro: sua família. Филипп possuía aos primeiros domingos de manhã de cada mês uma rotina que lhe enxia de orgulho, ia até o mercado comprar pães de centeio para no café da manhã, junto com sua esposa, decidirem qual seria o prato do dia.
A campainha toca, é um de seus 7 filhos que começa a chegar, eventualmente um deles não comparece, mais não é nada que lhe preocupe em meio a 15 netos e dois bisnetos a mais para a tradicional reunião familiar.
É meio dia, a família se reúne a mesa para juntos saborearem um delicioso borsch preparado a duas mãos, mais não antes de cantarem o hino da Rússia de mãos dadas. Филипп nota que algo parece fora de padrão, que algo parece lhe conectar uma outra realidade, ignora, observa sua bela família em couro e aperta com afeto a mão de sua companheira e, em pensamentos, julga não haver pessoa mais feliz no mundo do que ele.
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